O ano de 2015 já começou nos
surpreendendo pela estupidez. Quando vemos situações como a ocorrida em Paris,
onde cartunistas e outros funcionários de uma revista foram assassinados a
sangue frio em nome de Deus, para defender a honra de um profeta, visualizamos
o aspecto sombrio do ser humano. Será que os valores invertidos já não
atingiram o nível do insuportável? Porém
não entendo também o outro lado da estupidez, quando se enxerga a crença das
pessoas com desdém, e valores como o respeito e a condescendência são trocados
por algumas risadas. É certo que a violência não é justificável, mas precisamos
compreender também a falta de prudência, uma vez que já foi provado, que
fanáticos são perigosos quando aquilo que é mais sagrado para eles é
ridicularizado, e porque não pensar também no respeito ao próximo, independentemente
da sua situação emocional, ao invés de machucar uns para entreter outros. Sempre que somos confrontados com situações
como essa, a sociedade se move em manifestações de solidariedade, sentindo a
dor daqueles que foram devastados pela estupidez, mas nos resta refletir onde realmente
reside a estupidez. Ela não é explícita na reação e nem tão pouco na ação das
pessoas, isso é só o resquício do que transbordou de uma condição sociológica
doentia. Perdemos o fio da meada quando abrimos mão de princípios importantes e
básicos da nossa humanidade, somos como um trem descarrilado, que perdeu seu
parâmetro de direção, e quanto mais avança mais se distancia dos trilhos. O que estamos perdendo não é o respeito e o amor pelos outros, ou a
tolerância e a condescendência, nem tão pouco o altruísmo, ou o sentido de
comunidade, o que perdemos é um pouco de tudo isso, por não entender a condição
básica do ser humano, que é o entendimento de igualdade, onde não somos mais ou
menos pelo que cremos, ou pelo que temos; A consciência que atitudes geram consequências,
e que mais cedo ou mais tarde, teremos que arcar com elas. Na verdade a
sociedade contemporânea não está sendo ensinada a não agir de forma moralmente
errada, mas sim em evitar suas consequências, como se isso fosse possível. E
isso está presente em todas as camadas da sociedade, parece-nos o resultado na
nossa suposta evolução como seres humanos. Não me perguntem como chegamos a isso,
nem aonde vamos parar nessa evolução desenfreada, eu não sei, apenas deixo para
quem estiver lendo um traço de reflexão, individual e sincera, onde cada um
pode encontrar sua resposta, Qual foi
elo perdido nessa caminhada?