MACONHA X SEGURANÇA
Algo curioso me chamou a atenção nos noticiários essa semana. Depois de ter um jovem assassinado numa tentativa de assalto em um estacionamento da USP em São Paulo, e de várias reclamações sobre a falta de segurança no campus, a reitoria da universidade firmou um convênio com a polícia militar para policiamento do campus.
Curiosamente essa semana ouve-se nos noticiários, uma grande manifestação dos estudantes, incluindo confrontos e ocupações de prédios da faculdade, protestando contra a presença da polícia no campus.
Em linguagem bem popular surge o questionamento: “Ué, o que tá acontecendo?”
É bem simples de explicar, é que os policiais abordaram alguns estudantes usando maconha. Como, que absurdo, quem deu a esses policiais o direito de abordar estudantes dentro do campus? E ainda mais, só porque estavam usando uma droga ilegal?
Com certeza, os estudantes tinham mesmo que se manifestar, porque afinal de contas o campus de uma universidade pública é um território regido por legislação própria, que dá aos seus estudantes o direito de agirem acima da lei imposta a nós meros mortais.
Com isso eles estão dizendo com letras garrafais: “Se quiserem vir assaltar e matar estudantes aqui no campus fiquem a vontade, apenas não venham nos tirar o direito de fumar maconha”.
Fico pensando qual estará sendo a reação dos pais do aluno Felipe Ramos de Paiva, que foi assassinado, vendo a forma que o valor da vida humana tem sido barganhado com o mero direito de uma liberdade desmedida e irresponsável. Penso também na qualidade das cabeças pensantes de nosso país, dentro de uma das melhores e mais renomadas universidades do mundo, de onde vão sair nossos médicos, engenheiros, educadores, e outros profissionais.
Essa odisséia de direitos e idéias não é em nada estranho aos atentos, que estão sensíveis às transformações que nossa sociedade vem sofrendo. Ha algum tempo temos assistido uma troca de prioridades, uma inversão de valores que certamente trarão suas conseqüências.
Lembro que ha alguns anos atrás, em meio a altíssimos índices de inflação, alguns economistas destacaram a desconexão do valor monetário dos bens em relação ao seu valor real. Algumas comparações foram feitas, tais como um biquíni, que utilizava menos de meio metro de tecido, custava mais que um aparelho de televisão, que utiliza componentes caros e tem um custo de produção bem maior que o biquíni. Isso aconteceu num momento de confusão causado pela flutuação constante dos preços pela forte agressão da inflação, a ponto desses valores se confundirem.
E o que isso tem a ver com a situação dos nossos dias? Muito a ver, vivemos um momento de forte inflação de valores, que foram tão bombardeados com constantes flutuações, que o seus valores reais estão desconexos.
Não me perguntem como retomar ao valor real de cada coisa porque eu não sei, apenas aprendi com a situação da economia, que só foi possível um reencontro dos valores com a escassez de recursos, quando eles foram confiscados num plano econômico no governo Collor.
Talvez, seja preciso uma situação de caos, a fim de se entender que a segurança de centenas de estudantes é mais importante que o direito ao uso da maconha por alguns estudantes inconseqüentes; Que o direito da maioria, não pode ser podado a favor de alguns; Que reivindicar seus direitos não é depredar propriedades públicas, que pertencem à comunidade, e muito mais àqueles que estão fazendo uso dela. É bom lembrar também que não estamos tendo um excelente exemplo por parte de nossos líderes e políticos, que a situação esta beirando o caos, porque só se fala de corrupção nos noticiários, e que tudo isso pode contribuir muito para desestruturar a sociedade.
Clamo então ao bom senso, e a um verdadeiro espírito Cristão, e acima de tudo a um sentimento de cidadania e sociedade. Não podemos permitir que os valores inflacionados da nossa época ataquem tão fortemente as bases de nossa sociedade, não podemos dizer amém a todo tipo de manifestação, e eu quero aqui exercitar minha cidadania, e mostrar meu repúdio à atitude desmedida desses estudantes baderneiros que destruíram propriedade pública em nome do direito de fumar maconha. (nunca pensei que escreveria isso).
Nem todos temos os mesmos princípios, nem todos somos cristãos, nem todos fomos bem educados, mas todos fazemos parte de uma mesma sociedade, e isso exige respeito e sociabilidade.
Pensemos nisso!
Odair B. Silva
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