sexta-feira, 7 de março de 2014

Em qual realidade queremos viver?

Hoje dirigindo meu carro vindo para o trabalho, ouvi diversas notícias no rádio, e me pus a refletir, o quanto essa nossa realidade cotidiana está distorcida, ouvimos falar de cifras astronômicas sendo usadas em estádios de futebol, em desfiles de carnaval, e tantas outras coisas, que em si podem não ser totalmente más, mas isso se torna imoral quando confrontamos com outras notícias que dão conta de pessoas sendo mortas por alguns trocados, ou morrendo em hospitais pelo simples fato de não conseguirem ser atendidas, mesmo estando dentro de desses hospitais, devidamente instaladas em macas nos corredores, em meio a toda a exposição que se espera de um hospital, num mix de doentes leves, com acidentados graves, doentes crônicos e até terminais. Ai me veio à mente a possibilidade de estarmos doentes. Sim, muito doentes, não com uma gripe contagiosa ou com uma doença infecciosa, mas doentes na essência, doentes como comunidade, onde aquilo que não é normal passa a fazer parte de nosso dia a dia sem chocar, porque pelo excesso de erros fomos cauterizados, e criamos uma realidade paralela, não virtual, mas real, onde separamos nosso interesse egoísta de afastarmos de nós aquilo que é vil, e assistirmos com cara de piedade aquilo que se passa à distância. Mas ai me lembrei das palavras de uma senhora que viu uma moça da sua comunidade ser brutalmente estuprada e morta a alguns metros de sua porta, e então ela viu de perto essa dura realidade paralela, passar a ser não tão paralela assim, mas praticamente bater à sua porta. Suas palavras foram: “uma coisa é ver essas barbaridades pela tela da TV, outra é acontecer na porta de nossa casa”. Então pergunto, quem está livre dessa realidade? Ela está a nossa porta, e cada vez mais forte e evidente e um dia vai atingir a porta de cada um de nós.
Mas se essa indignação me incomoda, o que dizer de quem idealizou tudo isso, que criou a perfeição que ainda pode ser verificada sutilmente em pequenos detalhes dessa obra prima, ver o quanto tudo isso se deteriorou, e descortinou o pior de cada célula dessa construção primorosa.
Mas essa não é a pior parte da destruição, essa é física e visível, assistimos e reconhecemos cada episódio dela. A parte mais podre dessa deterioração é mais difícil de ser identificada, mais resistente aos remédios ainda que em doses generosas, e quando impregna traz a imagem de um parasita mudo, calado, silêncios, que até se esforça para passar desapercebido, e aos poucos vai consumindo cada gota de energia vital daquele a quem   infecta!
Esse mal invisível, ataca as pessoas com cegueira, destroem o estado de consciência saudável, e ainda pode vir disfarçado de inteligência ou intelectualidade, suposta coerência social, e o que é pior, sob o rótulo de evolução humana. Não entendo como as pessoas se perderam tanto, trocaram a segurança das bons princípios, que já provaram ser bons pela prática, e não pela tradição, trocaram a plenitude de viver em prol da coletividade pela ignorância da teoria da luta da autossatisfação.  Amor se tornou uma palavra tão mau usada que já não se conhece o seu verdadeiro significado.

Quando olho pra tudo isso percebo que não podemos realmente ter prazer de viver dessa forma, temos que almejar o melhor, uma realidade livre de hipocrisia, maldade e egoísmo. Sei também que pensando nessa vida, é uma ideologia utopista, mas se voltarmos para o criador da perfeição, as coisas podem ter outro desfecho, e ai, podemos não sonhar, mas esperar chegar um reino de paz e justiça, e é esse que eu almejo!
Àqueles que visitam meu blog, fiquem a vontade para fazer comentários nas postagens. Agradeço sua visita, e em breve estarei trazendo novas postagens.