Outro dia vinha dirigindo meu carro numa linda estradinha
entre Itatiba e Louveira, o clima estava agradável, as árvores, os pássaros, a
estrada com asfalto novo, bem demarcada, as casas de sitio ao lado e muita
tranquilidade. Eu nesse momento, me esmerei em esvaziar minha mente e me
concentrar naquele momento tão gostoso, e consegui por algum tempo, sentir
uma sensação estranha, mas gostosa de completude e paz. Então me lembrei de um texto que estudei, "o mal estar na civilização", onde Freud fala sobre o desejo
do indivíduo de buscar sempre a felicidade, mas isso se contrapõe às angústias
produzidas na vida, porém admite pequenos momentos de felicidade.
Logo em seguida, não decorridos dois minutos começou a tocar
uma música no rádio que me produziu uma reflexão tremenda, a música chama-se “Era
uma vez” que começa falando do dia em que todo dia era bom, e seguiam-se frases
deliciosas, como: dava pra ser herói no mesmo dia em que se escolhia para ser
vilão; e acabava tudo em um lanche, um banho quente e talvez um arranhão; que a
gente quer crescer mas quando cresce quer voltar do início; que dá pra viver, mesmo
depois de descobrir que o mundo ficou mau; pra não perder a magia de acreditar
na felicidade real, e outras frases legais, mas no auge da reflexão ela diz: Porque um joelho
ralado dói bem menos que um coração partido.
Primeiramente entrei no mundo de fantasia, que também no
texto de Freud “O caminho da formação dos sintomas”, tive a grata surpresa de
estudar um pouco, tema esse, que faz parte no nosso aparelho mental, e que,
frequentemente cada um de nós precisa dar uma fugida para arredondar as arestas
pontiagudas da vida, que nos consome e nos machuca,
Ai deparei com a realidade da vida real, onde as dores são mais
profundas do que um arranhão no joelho, então voltei para o texto do mal estar
na civilização pra entender o quanto as dores da alma, ou do coração partido,
como diz a música, visitam a nossa vida com muito mais frequência que os
estonteantes momentos de felicidade.
Toda essa reflexão valeu muito a pena, mas logo a linda paisagem
da estrada se esgotou, a harmonia e as belas palavras da música se foram, e
restou então um coração tão envolvido com a realidade, que percebeu a
capacidade de ocasionalmente correr para esse mundo fantástico da fantasia, com
todas as suas possibilidades que ele pode oferecer, e trazer o equilíbrio de um
coração ferido, mas esperançoso...
Aconteceu comigo, sem planejar, veio de supetão
Me lembrei de um texto bíblico que diz:
Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. (Lam. 3:21)
Odair
Gostei muito e me vi na estradinha também. É bom sentir tudo o que a vida nos proporciona: frio na barriga, nó na garganta, taquicardia, suor frio e gostosas gargalhadas entrecortando tudo isso ! O Freud que habita em mim saúda o Freud que habita em vc! Abs
ResponderExcluirValeu Márcia, Cá estamos todos nós nessa grande roda gigante de emoções...
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ResponderExcluirBelíssima experiência, belíssimo texto!
ResponderExcluirUm encontro de realidade com fantasias em poucos minutos de meditação!
Que venham deliciosas emoções no mais simples caminhar!
Pois é Dulce, esses somos nós, vivendo e fantasiando, rindo e chorando, nessa aventura que é viver...
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ResponderExcluirOdair, texto maravilhoso e real, somos todos parte do bem e do mal em um mesmo ser, lembrei de uma frase que dizia assim: sempre há tristeza em meus momentos felizes e felicidade em meus momentos mais tristes...
ResponderExcluirQuer dizer que sempre estaremos entre ambos, nessa ambivalência... E tudo bem!!!!
Belas palavras
e sempre há satisfação em viver uma realidade penosa, pois a vida tem sempre uma surpresa depois da curva...
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